quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Na vida estamos constantemente a ter de fazer escolhas...
E se eu não quiser escolher? 
E se eu me deixar levar pelo tempo? 
Deixem-me andar a deriva,
porque há alturas na vida, 
em que é preciso tempo para saber escolher...
"o tempo é conselheiro"
 "a pressa inimiga da perfeição"
E mesmo com tempo,
mesmo sem pressa, 
nem sempre é certa a nossa decisão...
Com todo o tempo do mundo 
e vem devagar, 
assim vou eu 
sem remar , 
apenas me deixando levar...

sábado, 7 de setembro de 2013

Esquecer não posso,
impossivel é perdoar.
De tudo o que foi nosso,
nada restou para dar.

Se um dia voltar
esse amor tão nosso,
não volte a levar
meu coraçao que é vosso.

Teu meu e nosso
era esse amor real,
Seremos Eu, Tu e Nós
construindo outro ideal.

Voltaremos a esquecer,
voltaremos a perdoar,
para voltar a ter
quem nos ensinou amar

Assim se leva a vida,
assim se vive o amor,
se amar faz doer,
doi ainda mais esquecer....


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Agradeço a todos os que me tratam de igual para igual e não me falham quando digo “ não posso fazer isso”  respondendo “podes porque eu vou ajudar-te”. A estes eu agradeço do fundo do coração. Amigos e todos aqueles que mesmo não conhecendo passam pelo mundo atentos aos pedidos de ajuda e se disponibilizam para isso. Agora não me peçam para agradecer aqueles que nos  vêm como uma coitadinhos e insistem em levar nos ao colo. Humilhante! Choca meus amigos? Era bom que isso acontecesse e esta sociedade fizesse alguma coisa. Ponham -se no lugar de um deficiente em cadeira de rodas..perguntem-se se é melhor ser carregado ao colo pela família ou amigos para subir escadas , deslocar se a praia etc... ou se o ideal seria ter os devidos acessos para que o possa fazer com o mínimo de dignidade como qualquer outra pessoa.
            Não critico aqueles que perguntam : O que lhe aconteceu? Mas, critico aqueles que olham e olham e olham…e de repente desviam o olhar disfarçando atabalhoadamente quando o nosso se cruza com o deles. Olhem a vontade!Afinal de contas a diferença existe e é normal que desperte a curiosidade.Vocês entendem a diferença? Só quero que percebam o que realmente nos incomoda.
           Não me incomoda a criança que me vê e pergunta a mãe “o que é que a senhora tem?”, mas incomoda-me a mãe que a repreende em voz baixa para eu não ouvir e que quase a esbofeteia se ela insiste em querer saber porque … porque … porque …
O que podemos esperar desta criança quando for adulta? Que aceite os deficientes como parte da sociedade ? Não me parece que este seja o caminho para educarmos os nossos filhos para a igualdade.
         Falamos tanto de integração dos deficientes . Mas integração em que?  Estão a fazer um favor ao nos dar trabalho?  Não seremos nos capazes de trabalhar tão bem ou melhor que qualquer outra pessoa? Não podemos fazer tudo. Pois não. Cada individuo procura fazer o que esta de acordo com as suas capacidades. Não funciona assim com toda a gente? Se tens problemas de coluna vais trabalhar para as obras?Ou procuras um trabalho que possas fazer?
          No nosso caso parece que não é assim...Não temos um simples problema de coluna amigos, logo, somos incapazes e ponto.Temos que nos esforçar muito mais para conseguir um trabalho e por vezes este só aparece, porque as empresas estão de olho nos subsídios,que o estado dá de incentivo para que se empreguem os  coitadinhos. Mais uma humilhação.Estamos ali e ganhamos o nosso ordenado bem merecido e por mérito próprio, mas nunca deixamos de nos sentir  agradecidos pelo grande favor que nos fizeram em nos dar emprego. Eu Felizmente sou um dos poucos casos com trabalho e sem esse beneficio...Obrigada aqueles que me empregaram sem medo da diferença e sem pedir ou esperar compensações, a não ser as que vem do meu trabalho.
             Que sociedade esta! Tenho eu 37 anos 34 dos quais vividos na condição de deficiente e ainda hoje não consigo deixar de me surpreender com as supostas regalias que  temos. Para aqueles que ainda acreditam que elas são reais,vou deixar aqui algumas passagens da minha vida, em jeito de anedota, porque na realidade alguns benefícios não passam disso mesmo. Anedotas!
                Um dia destes desloco-me como tantas vezes o faço a uma grande superficie na zona onde habito.Chegando ao local verifico que o parque de estacionamento tem local próprio para deficientes senhoras grávidas  e acompanhantes de crianças de colo. Até aqui tudo muito louvável e semelhante a tantos outros locais pelo pais. Não estava no meu carro habitual e não era eu a condutora mas sendo deficiente estacionamos no local que me estava destinado. Ao sair do carro sou abordada por um segurança que me pede para colocar o dístico de deficiente. Explico então que o carro não é meu e não tenho ali o comprovativo de deficiência, mas o senhor esta a ver-me e portanto não há duvida que sou deficiente. O segurança,mesmo perante a evidência insiste que não  posso estacionar ali. Sei as regras de transito e como é óbvio não estacionaria naquele local se não estivesse num parque privado. Será que aquele senhor precisava que eu colasse um cartaz na testa a dizer “sou deficiente”? Já irritada perguntei-lhe como se identificaram as pessoas que estacionaram no local destinado as grávidas e as crianças de colo.Não vi atestado. Foi pelo tamanho avançado ou não das suas barrigas? Qual foi o critério que usou? Não obtive resposta  pelo que presumi que aquele segurança olhou e viu que estavam grávidas mas olhando para mim de muletas não conseguia ver que era deficiente. Sem mais discussões retiramos o carro do lugar de deficiente e estacionamos precisamente no lugar para as senhoras grávidas. Se aquele senhor tinha duvidas que me pedisse uma ecografia...Gravida não estava mas parece que o carro finalmente ficou bem estacionado.  Apesar de indignada naquele dia não apresentei reclamação .
Qual não é o meu espanto quando dias mais tarde volto ao mesmo local, desta vez  já no meu carro, e vejo no parque para deficientes um cadeado a impedir o acesso e um cartaz que diz: “se deseja estacionar neste local por favor dirija-se ao balcão de informações”.  Fico um tempo parada a olhar para aquilo incrédula com o absurdo que leio. Então o que é suposto fazer agora? Vou procurar um lugar para estacionar seja lá onde for,saio do carro de muletas, atravesso o parque de estacionamento, atravesso metade do shoping e chego finalmente ao balcão de informações. Estou 10 minutos em pé a espera da minha vez para ser atendida e mais 10 minutos a espera que chegue o segurança, que a menina chamou pelo intercomunicador e que supostamente  tem a chave  que abre o cadeado . Depois disto, há que iniciar o percurso de regresso ao carro,retirar do estacionamento e estacionar no lugarzinho para deficientes religiosamente guardado. E a saída não esquecer de passar primeiro no balcão de informações para o segurança vir de novo retirar o cadeado porque se me esqueço tenho de voltar para trás  Ora eu fiz isto de muletas agora imaginem o que seria se estivesse numa cadeira de rodas as vezes que teria de entrar e sair da cadeira e o incomodo de pedir que me tirem e guardem a cadeira na bagageira se não tiver elevador. Mas alguém tem a noção do que é ser deficiente? Alguém pára para pensar quando se lembra de fazer uma coisa destas ou criar um "beneficio"? Desta vez decidi mesmo apresentar a minha reclamação e dias depois provavelmente devido a minha e outras reclamações, o cadeado foi retirado.
               Volto a lembrar, antes de ajudar certifiquem se que sabem o que estão a fazer  ou será melhor nada fazer. Destes episódios tenho vários ao longo de toda a vida.
             Certo dia, tinha uma consulta  marcada e com a devida antecedência apresento-me na recepção do hospital,coloco-me na fila das consultas aguardando a minha vez. Uma funcionária do hospital, muito atenciosa, dirige-se a mim e diz-me “venha comigo a senhora tem prioridade”. Agradeço a amabilidade e ela entrega o meu cartão a colega da fila do lado que supostamente me atenderia mais rápido. Manda-me sentar mas eu já habituada a estas "ajudas", achei melhor aguardar em pé para não ficar esquecida. Assim vai notar a minha presença, pensei eu. Vou vendo o cartão pousado em cima da secretária e a funcionária atendendo outras pessoas sem sequer olhar para ele. Entretanto a fila do lado onde eu estava anteriormente continuava a avançar e  alem de já ter chegado a minha vez já tinham passado 5 pessoas a minha frente. Resultado, a consulta iria ser mais tarde, do que se tivesse permanecido na fila em que estava. Começo a ficar impaciente mas afinal que raio de prioridade é esta? Tenho que falar. Explico então a senhora que já podia ter sido atendida, que já me atrasou a consulta e que afinal estou a mais tempo em pé do que estaria no outro lado. “Eu disse a senhora que se sentasse” responde ela. Ora. chego então a conclusão, que a minha prioridade não estava no ser atendida mais rápido mas sim o poder esperar sentada até que a senhora se lembrasse do meu cartão.Se calhar ainda lá estava agora a espera da consulta mas sentadinha confortavelmente na cadeira de madeira…

                      Por estes e por outros incidentes é que raramente exerço esse suposto direito de prioridade  e quem verdadeiramente me conhece sabe disso.  Na tentativa de nos ajudar acabamos por sair prejudicados. As pessoas não sabem o que fazer para realmente ajudar e esta educação para a diferença cabe a todos nós enquanto elementos da mesma sociedade...(continua)

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Não sei quem sou!
Quero passar pela vida,
Submissa a sua vontade.
Não quero ser o que não sou.
Não sou igual a ninguém.
Não quero fazer escolhas.
Fecho os olhos e deixo-me levar...
Não. Não sei quem sou!
Se um dia me perguntares quem Sou,?
Responderei quem FUI.
O presente é efémero,
 não existe...
Não sou! Apenas fui .
E quem sabe  SEREI..

sábado, 27 de julho de 2013

                                   Há dias assim....


 Há dias assim...
Dias que não parecem dias,
ou simplesmente desejamos que não sejam dias....
Há dias assim...
Não há?
Hoje é simplesmente um desses dias.
Não me obriguem a acordar!
Não me peçam para sorrir!
Não me façam falar!
Há dias assim ...
O tempo corre,
a vida não pára,
ignorando o meu estado de alma.
Há dias assim...
e eu simplesmente quero ignorar este dia!

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Poema "Perdoa-me!"
Maio 1991


PERDOA-ME!
juro,  nao queria...
Nao sei o que fazer!
Nao sei como evitar!
PERDOA-ME
por nao te amar!
Quero amar-te!
Todo o meu corpo,
quer amar-te.
PERDOA-ME!
Nao sou capaz
Nao mereço o teu  amor!,
Nao suporto  ver-te.
Nao suporto  teu sofrimento.
Nao suporto a dor no rosto!
Fugindo de ti e  
sofrendo por amor...
tambem o meu rosto
tem a tua dor mas,
os teus olhos não me evitam,
nem o teu corpo foge de mim.
Tu ficaste.
Por covardia  parti.
PERDOA-ME,
por nao te amar...
e quando aprenderes a PERDOAR-ME,
ensina-me a PERDOAR-ME a mim,
por te ter perdido.

PORQUÊ? 1984

Sem saber porquê...
Gravei em mim o dia em k te vi.
Lembro-me dos sons o que ouvi,
da seguranca das tuas palavras.
Lembro-me de ouvir-te respirar,
do teu coração a bater.
Sem saber porquê...
Lembro tudo o que dissemos!
Lembro tudo o que fizemos!
Lembro tudo o que sentimos!
Sem saber porquê...
Lembro-me de Ti.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

               Não sei exactamente quando tomei contacto com a realidade. Mas, aos poucos o meu sonho foi acontecendo no real e eu deixei de sentir necessidade de me isolar de construir o meu mundo. Já não queria estar sozinha já não procurava o meu cantinho no corredor… chegaram as primeiras cartas de amor. Chegaram as primeiras atenções os primeiros ciumes as primeiras disputas… era amada .Incrível! Então o coração também podia bater fora do meu mundo imaginário? Havia vida fora do meu sonho. Senti o meu primeiro beijo.Já tinha beijado tantas e tantas vezes, pensava eu… mas nada me preparou para aquele momento real.
             Depois desse dia muitas experiências se seguiam umas atrás das outras,um turbilhão de emoções e experiências… a minha vida começava mais tarde.Vivia agora pela primeira vez tudo o que as minhas amigas tinham vivido muito antes. Mas hoje, a realidade é diferente e vejo que afinal não foi assim tão mais tarde... Na adolescência, semanas meses ou anos não parecem ter a mesma duração que tem agora. O tempo parecia passar tão devagar e hoje queremos agarra lo e não somos capazes. O "tempo" é certamente o mesmo, nós é que ficamos lentos para o seguir...apetece gritar, Pára! Mas nada o demove da correria desenfreada que iniciou. Ainda bem que não temos consciência dessa passagem repentina. Fico triste e mergulho na melancolia quando dou conta dessa passagem e olho para tudo o que  se perdeu, no tempo, claro. Não sei quando vocês sentiram a ordem de partida da vossa corrida mas, no meu caso, parece ter sido depois dos 18 anos. Até ai tudo me parecia lento...as férias nunca mais chegavam, a escola nunca mais acabava, eu não crescia para poder fazer as coisas dos adultos... ai se eu pudesse avisar a minha filha que não lhe peça para correr. Vejo-a com a mesma pressa que eu sentia,, sem ter consciência que um dia ele,o tempo, a vai ouvir e nunca mais vai abrandar. Inevitável ... 
          Naquela altura só pensava que o meu momento chegara. Quem teria mudado? Eu? Estaria diferente? Seria agora uma mulher e os outros viam-me como tal? Uma coisa eu sabia. Olhava-me no espelho e gostava de mim. Despertava cada dia pronta para absorver tudo o que a vida me oferecia . Queria viver ! Viver!  Viver! Mas porque só agora ? Talvez a imaturidade da infância e da pré adolescência, não permitisse ver para além dos meus defeitos. Hoje entendo que quando somos jovens o aspecto fisico tem muita mais importância. Só com a idade aprendemos a dar valor a outras qualidades. Estaria a acontecer isso comigo agora? Diziam que até era uma menina bonita e sinceramente em nenhum momento me lembro de desejar ser diferente.Isto pode parecer estranho mas eu aceitava-me tal com era e sou e aprendi a tirar partido do que tinha de melhor e disfarçar os meus defeitos. Não recordo uma adolescência amarga. Não aconteceu de certeza. Sempre me senti integrada e querida pelos amigos. Era feliz isso não tenho dúvida. Hoje a felicidade não é uma constante,mas compreende se. O peso da responsabilidade e preocupações nem sempre nos dão essa paz de alma necessária a felicidade. Continuo a gostar de mim exactamente como sou  e mais uma vez não mudaria nada. Sei que parece inacreditável. mas acho que nem as muletas eu mudaria. Não seria quem sou se não existissem. Não me definem nem posso dizer que são parte de mim como um braço ou uma perna...mas efectivamente são "parte de mim"... 
        Quanto mais amadurecia mais sentia o apelo de  procurar o amor verdadeiro. Fui tendo alguns namorados. como era suposto na minha idade. A minha liberdade alterou se. Tinha agora autorização para sair, embora com regras e hora marcada para chegar a casa… podia conhecer pessoas. Sabia que mais tarde ou mais cedo o  amor ia aparecer e quando acontecesse sabia que estava pronta para o prender e nunca mais deixar fugir....(cont...)


segunda-feira, 22 de julho de 2013

"Em minhas preces de todo dia, sempre peço coragem e
Paciência....
"Coragem para continuar superando as dificuldades do caminho naqueles que não me compreendem...
"E paciência, para não me entregar ao desânimo diante das minhas fraquezas!"

(Chico Xavier)

terça-feira, 16 de julho de 2013

|As raparigas do norte têm belezas perigosas, olhos impossíveis. Têm o ar de quem pertence a si própria. Andam de mãos nas ancas. Olham de frente. Pensam em tudo e dizem tudo o que pensam. Confiam, mas não dão confiança. Acho-as verdadeiras. Acredito nelas. Gosto da vergonha delas, da maneira como coram quando se lhes fala e da maneira como podem puxar de um estalo ou de uma panela, quando se lhes falta ao respeito. São mulheres que possuem
São mulheres que pertencem.
As mulheres do Norte deveriam mandar neste país. Têm ar de que sabem o que estão a fazer|

Miguel Esteves Cardoso

segunda-feira, 15 de julho de 2013

mais um roubo (meteram diretamente a mão no meu bolso e ainda sou obrigada a concordar )

                                    NÃO ME FALEM DE DIREITOS QUE ME ENOJA


Sr. Goucha quero ir a TVI 
Recebi das finanças um aviso que tinha uma divida de imposto de "selo" automóvel em atraso(IUC).
Quando comprei esta "trotinete" fui informada nas finanças que até esta cilindrada o veiculo estava isento . Eu própria estou isenta de impostos por isso trouxe o comprovativo a zero e a informação que não teria de voltar lá nos anos seguintes. A lei entretanto foi alterada e é dever do cidadão andar atento .( quem anda sempre a ler o diário da republica ?) Mas, é meu dever, aceito. Levo a minha declaração de isenta e como esta na altura de pagar o imposto deste ano a funcionária lá me passa o "selo" com o valor zero. Agora vou lhe fazer as contas dos 3 anos em falta diz ela ....eu pensei: bem vou ter de pagar multa por não ter vindo cá. Qual não é o meu espanto quando me dá os respectivos valores: imposto e juros mais multa e juros isto para cada ano de atraso... Eu reclamo e relembro a senhora da declaração que tem a frente...Não pago imposto menina...sou isenta. multa e respectivo juro tudo bem, imposto não tem lógica. Então acaba de me dar o imposto deste ano a zeros e diz que os anos que estão para trás tenho que pagar imposto só porque não vim buscar o comprovativo .... Esta tudo maluco? O carro fez agora 5 anos , no primeiro ano não paguei nada nos 3 seguintes pago e no ultimo volto a não pagar... perdi 3 anos de um direito logo a minha deficiência existe ou deixa de existir conforme dá jeito ao bolso do estado...Alguém vê lógica nisto? eu aceito pagar a multa e os respectivos juros mas pagarei o imposto contrariada pois tenho um documento que me isenta de qualquer imposto...

sábado, 13 de julho de 2013

                 Finalmente levantamos-nos e vou trabalhar. Vou pensando numa forma de tornar este dia especial. Na verdade não temos muito dinheiro. Faço anos a 25 e nesta altura do mês já não dá para grandes gastos.Sei que não vou ter uma prenda, não podemos ter esse luxo. Fico triste! Claro!Mas, rapidamente afasto a tristeza. O mais importante eu já tenho.O amor da minha família.Neste momento penso na minha filha. Ela é uma criança e esta alheia as nossas dificuldades. O abraço e o beijo da manhã trazem o sinal de que quer festa para cantar os parabéns. Decido então fazer um jantar especial para nós os três.
                 Perdida nestes pensamentos, a manhã passa a correr. O trabalho termina e não dou conta do tempo passar. Fiz tudo mecanicamente não me lembro de nada. Só pensava no momento em que estaríamos todos juntos.
                  Já em casa vou planeando o que fazer para jantar. Coloco uma garrafa de champagne no frigorífico. Um bolo? Preciso de um bolo. Mãos a obra e o bolo entra no forno. Não tenho nada indicado para fazer e ir comprar não posso. O ideal seria um assado ou algo mais elaborado, mas olho para o vazio que vai surgindo de dentro do congelador e premaneço uns segundos a olhar ... decido fazer o prato preferido do marido, frango estufado. Nada mais simples. Mas é mesmo esse o seu manjar predilecto. Frango estufado e batatas cozidas. 
                    A filha chega da escola e recebo mais um abraço e um beijo de parabéns. Juntas decoramos o bolo que entretanto já arrefeceu.Vejo-a tão feliz por me ajudar , empolgada como se mais nada importasse. Como é bonito ser criança. Porque crescemos tão depressa? Lembro-me de estar sempre ansiosa para crescer , ser mais velha para poder fazer tudo o que os adultos faziam. Não quero que cresças filha...não corras, não te quero ouvir pedir para o tempo passar. Tu ainda não sabes mas estás a viver a fase mais bonita da tua existência. Estas tão protegida...faz o tempo andar o mais devagar que puderes. Eu já não sinto essa proteção. Os pais continuam do meu lado mas eu voei, se caio já ninguem limpa minhas feridas...“Deixa-me por a mesa mamã.” pede-me ela arrancando me destes pensamentos.Entusiasmada fecha-se na sala avisa que estou proibida de entrar e não me deixa ver o que esta a preparar. É surpresa e só poderei ver na hora de jantar. Enquanto preparo a refeição ela anda num vai vem da sala para o quarto. Eu vou brincando com ela a fingir que tenho de ir ao armário da sala buscar alguma coisas, Rimos as duas . NAO ENTRAS ! Grita ela! O marido finalmente chega a casa e logo hoje,vem , um pouco mais tarde. Ela estava impaciente. Recebo-o com um beijo como  Habitualmente e reparo na mão escondida atrás das costas. Estende uma rosa para mim. Impossivel nao chorar. Mesmo não tendo possibilidade não foi capaz de não me dar nada. Pode ser pouco para muita gente mas naquele momento foi muito importante para mim aquele gesto. Não ficaria mais feliz se tivesse recebido a jóia mais cara. Não precisava de presentes caros quando tinha a felicidade. Como eu amava aquele homem. A minha vida dependia deles...
          Isso está errado diziam as minhas amigas.Não,não esta errado.Para mim a felicidade é o amor e fazer feliz quem amo. Não sobreviveria a tudo se não fosse a força desse amor. Chegou a hora...ela da autorização para entramos na sala... ficamos parados sem ser capaz de reagir ou dizer uma palavra. O rosto dela aflito , os olhos a perguntarem... não gostas mãe? Nós os dois a chorar simplesmente a  abraçamos. A miúda tinha trabalhado toda a tarde para criar todo aquele ambiente. Por muito que o descreva não da para relatar o que sentiamos. A toalha que eu mesma bordei, os pratos e os copos novos. Os guardanapos  dobrados artisticamente, o mais "artistico" que uma criança pode inventar. Velas sobre a mesa e uma flor artificial numa jarra que substituimos pela verdadeira que acabava de receber. Mas o que realmente nos comoveu foi o cartaz que ela  fez para colocar no centro da mesa. “Parabéns mamã. Eu e o papá amamos-te muito”. tinha apenas 9 anos. Que orgulho o nosso naquele pequeno se e em nós enquanto pais . Ali estava uma prova do trabalho que estamos a fazer na educação dela ... não podiamos ficar indiferentes. Ao longo dos anos sempre nos surpreendeu com estes pequenos gestos. Adorava preparar jantares especias nos aniversários e até no dia dos namorados nos fazia jantar a luz das velas na mesa  decorada por ela e muitas vezes pelo primo a quem pedia ajuda . . LEMBRAS-TE sobrinho? Claro que lembras porque ela arrastava-te para as ideias e tu seguias-a tal como ela ,lider, te ordenava. Que dupla vocês os dois faziam.  É assim desde criança, uma impulsionadora.  uma mulher decidida e sensível como a mãe. Que isso te ajude pela vida fora filha.
                  No final do jantar, oferecem-se para arrumar a cozinha...(continua...)                                                                                                               

sexta-feira, 12 de julho de 2013


                                             Quem me dera 

Quem me dera ser o pó da estrada
e que os teus pés fossem pisando,
Quem me dera ser àrvore
e tu o lenhador que corta os ramos,
Quem me dera ser rio
e tu o sol que evapora as àguas,
Quem me dera ser chuva
e tu a terra que absorve,
Quem me dera ser rocha
e tu o mar que a desfaz,
Quem me dera ser a presa
e tu o caçador que se sacia,
Quem me dera descer ao inferno
e suportar todos os demónios,
Quem me dera viver um segundo,
e morrer nos teus braços.

Antes isso  que  passar pela vida sem sofrer,
mas não te ter ao meu lado...


(ser feliz  é encontrar no amor a força para enfrentar o Mundo)
                                                  
                                                 
                                                A melhor prenda



                                                       Capitulo III

                                                           A revolta


                              
                   

                       Como devem calcular tudo o que  tenho na minha vida foi conseguido com muito esforço. Foi uma batalha diária tentando viver neste mundo de gente “normal”.
A medida que o tempo passa fui aceitando melhor a minha condição de deficiente. Aceitando e ao mesmo tempo entendendo melhor o que isso significava. Aprendi a gostar dessa minha diferença. Quanto mais gostava de mim mais me revoltavam certas atitudes com que tive de lidar. Revoltei-me contra tudo e contra todos. Revoltei-me contra os falsos apoios e os falsos apoiantes. Revoltei-me contra a sociedade em geral.
                       Sei que corro o risco de ser mal interpretada.  Alguns não terão a capacidade de me entender, pois para isso teriam de ter passado pelas mesmas experiências. Contudo peço que não levem a mal estas palavras.. Não se trata de uma opinião generalizada. O que aqui escrevo não é fruto de nenhum inquérito ou investigação mais cuidada. Esta é apenas a minha opinião, o que sinto ou como me sinto.
                        Tentei sempre ser o mais normal possível, fazer tudo o que os outros fazem independentemente do esforço que isso implicava. Depois de tanto esforço a tentar  igualar-me, a última coisa que me apetece é que estejam constantemente a lembrar-me que sou deficiente. Já o sei! Podem crer. Mas, isso é algo que luto para esquecer, e esqueço facilmente….mas sempre que passo por um espelho, sempre que o sol brilha e a minha sombra se reflecte no chão …não da para continuar a fingir. A prova ta ali aos meus pés mexendo-se aos meus movimentos e lembrando-me…”NÃO FINJAS! ESTA  ÈS TU!  Como se não bastassem estas evidencias das quais não posso fugir , ainda tenho de lidar com as atenções exageradas da sociedade que mais não servem do que para reforçar ainda mais a minha condição de “diferente” de necessitada.
                     Não pensem com isto que não aceito os meus defeitos.  Sei exactamente o que sou  e gosto de mim apesar de tudo. A prova de que me aceito ficará registada aqui neste testemunho.
Costumo dizer que os complexados não somos nós os “diferentes “ . Os complexados são aqueles que têm medo de usar a palavra deficiente. São aqueles que nos rodeiam, aqueles que dizem não ser racistas .aqueles que se dizem sem preconceitos.  Ninguém é racista ou perconceituoso até ao dia em que a filha entrar em casa de mão dada com um preto e disser “este é o meu namorado”. Aceitamos tudo. Pretos deficientes homossexuais… tudo. Desde que não venham manchar a família perfeita que temos. Hipocrisias. O mundo ta cheio delas. Não é de forma nenhuma uma critica. Eu  não sou melhor que ninguém e sei ser hipócrita quando isso me beneficia. Pensamos sempre primeiro no nosso umbigo e não vale a pena dizer que não.  Pois no meu caso também não há preconceitos. Não senhor. Isso seria uma grande maldade e nós somos todos muito caridosos.  Tão caridosos que nos olham de cima a baixo com aquele ar de pena  … ou aqueles que nos olham como se fossemos bicho raro e disfarçam atabalhoadamente quando os apanhamos em flagrante. Olhem a vontade! Então agora é proibido olhar? Mas pior de tudo são aqueles que insistem em nos ajudar. Aqueles que querem forçosamente conseguir praticar a sua boa acção do dia as nossas custas.Aqueles que insistem ajudar-nos a levantar da cadeira, os que nos querem transportar o saco das compras, os que nos querem ajudar a subir o autocarro e nos empurram quase nos atirando para cima do motorista a força…Que fique registado que cada situação foi vivida e sentida por mim. Não posso nem quero que isto seja visto como uma cópia do que um deficiente sente. Isto são as minhas experiências e cada um se identificará com elas ou não... conheço alguns como eu que se ergueram e foram a luta mas, também conheço os que insistem em viver na condição de coitadinhos e são felizes assim. Quem me conhece sabe que jamais tive atitude derrotista para com a vida.Voltando ao tema:Serei eu a complexada por recusar ajuda? Ou são os que acham que só pelo facto de sermos deficientes precisamos forçosamente de ajuda? Em muitas coisas somos muito mais capazes e para termos os meus direitos, temos de o provar dia a dia.
 Pensem bem nisto!
              Pequenos exemplos: se me sento é porque me consigo levantar sozinha. Se ando de autocarro é porque sou perfeitamente capaz de entrar e sair dele. Se transporto as minhas compras é porque o peso esta adequado ao que  posso suportar. Conseguem entender isto? Nunca pude caminhar com a minha filha ao colo e por isso sempre que tinha de a transportar de um lado para o outro pedia ajuda. Mas não premitia que ningeum mudasse a fralda ou alimentasse ou desse banho... entendem essa diferença de pedir ajuda ou limitarem ainda mais nossas capacidades?
                          Depois de tudo isto muitos estão a pensar que INGRATA!
Não sou mal agradecida, Acreditem! Já precisei e já usei tantas vezes a vossa ajuda. O que pretendo deixar aqui registado é que  por vezes na tentativa de ajudar acabamos por prejudicar mais. Sei exactamente quais são as minhas limitações  e não duvidem que quando não posso ou minhas forças falham eu não me envergonho de o dizer.. e, nestes casos agradeço a todos aqueles que estão lá.... (continua) 

quarta-feira, 10 de julho de 2013

                   No dia seguinte  tudo recomeçava no mesmo ponto onde tinha ficado. Foi no meu mundo real que me apaixonei pela primeira vez. Mas foi no meu sonho que fui correspondida por esse amor. Foi no meu sonho que recebi o primeiro beijo, foi no meu sonho que aprendi  a fazer amor….  De dia sofria sempre que  tinha de partilhar a sua atenção com mais alguém , no meu sonho não existia mais ninguém. Só eu e aquele amor. Um amor que nem sempre tinha rosto. Um amor por vezes sem forma física , mas tão intenso tão grande tão real, que, mesmo sendo um sonho me enchia de felicidade e me fazia amar a vida. Foram esses momentos a sós que me prepararam  para a vida. Foi assim que construí a minha personalidade e foi graças a tudo o que sonhei,que sou o que sou hoje. Durante anos arrastei-me pela vida, fazia as coisas mecanicamente, por obrigação, porque me mandavam e tinha de ser assim.Agora olhando para trás penso que talvez tenha sido demasiado protegida.Não era fácil conseguir autorização para sair de casa. Nas poucas vezes que me concediam alguma liberdade, as recomendações e os avisos eram tantos. que eu saia daquele castelo       aterrorizada com o que poderia encontrar para lá das muralhas, que meus pais ergueram a minha volta. O rosto de preocupação da minha mãe seguia-me assombrando aquilo que deveria ser uma libertação. Como não tinha um verdadeiro quarto , também nunca convidei uma amiga para vir dormir comigo. Nunca tive a oportunidade de trocar  as confidências nem ter conversas até o sono nos vencer. O meu divã parecia demasiado pequeno para ser partilhado e no entanto, dentro dele cabia um mundo que só eu conhecia. Durante muitos anos guardei ali  a minha  vida...lágrimas alegrias e medos ficaram para sempre  presos naquelas palhas.... dou por mim a pensar se ainda existe. Quando finalmente meus pais me puderam dar um quarto, uma mobilia nova que eu mesmo escolhi ... eu esqueci-me dele . Sei que foi oferecido a uma família  para deitar uma criança. A história desta cama que me acompanhou durante anos não terminou comigo, outros sonhos acolheu outras lágrimas enxugou. Isto agrada-me, não gosto de imaginar o fim de nada . Se pudesse voltar atrás não o teria dado. Mas naquela idade nós não nos apegamos as coisas. Este apego por tudo o que é nosso vem com a idade e vamos-nos tornando cada vez mais egoístas ...

segunda-feira, 8 de julho de 2013





   Quem sou eu depois destas experiências?

A mudança é inevitável  e não apenas por ter tido um cancro e ter de lutar pela vida.... a mudança é inevitável para qualquer ser humano....em cada amanhecer somos um novo ser.  Um simples estranho com quem nos cruzamos na rua pode fazer a diferença...uma ida ao cinema ao café...aquela mensagem ou telefonema ... nunca  acordamos a mesma pessoa que éramos ao no deitar.... Cada facto da nossa vida nos muda e altera a personalidade, os sonhos...a vida. Claro que há experiências que nos marcam mais e nesse acaso a diferença nota-se radicalmente... no passa despercebida aos olhos de ninguém....  tomar um café com um amigo produz uma mudança que só nos entendemos ..ou até nem  entendemos imediatamente...mas lutar pela vida muda -nos aos olhos de toda a sociedade...cada ser vivo que conviva connosco nota essa mudança.....mudamos em relação ao mundo ao universo...  aquela simples planta em nossa casa, tem agora uma importância que nunca teve...todos os dias ela me esperava a entrada...estendia as suas folhas como se me abraça-se e eu ignorava a sua beleza ... era invísivel... e no entanto ela nunca desistiu de chamar a minha atenção...porque nunca a vi?Olhava claro. Mas não via realmente. Agora já não é mais uma simples planta insignificante que enfeita a casa ... agora naquelas folhas vejo uma vida  ... vai morrer  como eu um dia e diariamente faz o mesmo que eu ...luta para se manter viva. Precisa que reparem nela...tem que chamar a minha atenção para que lhe  chegue agua e não  a deixe morrer. Qual a diferença? Todos algum dia precisamos ajuda e tantas vezes passamos por quem nos pede auxilio ,olhamos e não vemos...   Também eu grito por auxilio...também eu peço ajuda para viver... o que seria de mim se não me ouvissem os medico os enfermeiros os auxiliares a minha família...todos aqueles que diariamente cuidam de mim?Me desculpem se pareço louca ao dar tanta importância a uma simples planta, mas eu não sou mais nem menos do que este ser vivo.... ambas temos o nosso lugar e cumprimos nosso papel. Precisamos dos outros para sobreviver... não esqueçam isso ou a própria vida se encarregará de ensinar. Seja esta planta ou uma simples formiga eu simplesmente respeito a vida... nunca mais  fui capaz de matar um outro ser vivo porque o acho feio repugnante ou incomodativo...sou rídicula  ?  Talvez aos olhos de muitos...mas sim . tenho dificuldade em matar até o mosquito que não me deixa dormir a noite... que poder tenho eu para me livrar dele? Ele não faz mais nada do que lutar pela vida e o meu sangue é o alimento que permite continuar vivo...  internem-me se assim quiserem mas isso não vai mudar o respeito que sinto pela vida.



             A minha felicidade por vezes era assombrada por duvidas. Via o mundo a minha volta e verificava que poucas eram as pessoas que se sentiam felizes. Poucos eram aqueles que encontravam o verdadeiro amor. Sempre vivi atormentada com o pensamento de que um dia tudo ia mudar. Ninguém é feliz para sempre! Eu não serei exceção  pensava eu. Alguma coisa vai acontecer e eu perderei tudo o que tenho, tudo o que construí .Ansiedade, isto deve ser apenas uma crise de ansiedade. Um medo infundado. Medo do que poderá acontecer não sabendo exactamente o que. Um aperto no peito , uma sensação estranha difícil de descrever. Por vezes, bastava pedir um abraço apertado e tudo desaparecia. Voltava a sorrir de novo.
               Mas, um dia os meus medos intensificaram-se, tornaram-se reais, tiveram fundamento. Uma ameaça verdadeira veio abalar o meu mundo. Já não era medo do “nada”.  Era um medo concreto que viria a alterar toda a minha vida  e o meu próprio eu. Depois desta experiência não sou a mesma, ninguém passa por tudo isto e fica inalterável. Mudei.  Não sei se para melhor, mas é um facto que mudei.

                  São 7h da manhã . O relógio toca. Toca de novo mas eu permaneço imóvel.  Só mais um pouquinho. O toque vai-se repetindo não deixando esquecer que é hora de levantar. Sinto-me rodeada por um abraço que me puxa para si. Aninho.me naqueles braços saboreando os últimos minutos que me restam naquele conforto. Um beijo e algo murmurado junto ao meu ouvido…. “ Parabéns meu amor “ , diz o marido apertando-me mais contra ele. Abro finalmente os olhos a sorrir. Faço anos! Hoje é o meu aniversário. Brincamos os dois com os meus 30 anos acabados de fazer. Sou a chamada “trintona”. 
Era uma vez…

                 Quem me dera que este livro pudesse começar assim. Quem me dera que este fosse um desses contos mágicos que me faziam sonhar em criança. Lembro-me de chegar da escola e ficar ansiosa pela chegada da noite.  Não havia birras para  ir para a cama. Queria jantar rapidamente e deitar-me. Nenhum programa de televisão, nenhum jogo com o meu irmão era mais importante. Nada prendia a minha atenção. Só queria aquele momento em que me deitava no meu divã colocado no corredor estreito da nossa casa . Sim no corredor porque na realidade eu não tinha um  quarto como a  maior parte das minhas colegas de escola. Não tinha prateleiras cheias de livros e jogos. Não tinha uma cama cheia de bonecas e almofadas coloridas. Tinha apenas o meu divã de palha que se abria todas as noites e se fechava na manhã seguinte guardando dentro dele todos os meus sonhos. Não pensem que era menos feliz porque não tinha um quarto. As recordações que tenho das horas que passei deitada a sonhar  naquele  cantinho do corredor não me deixam sentir tristeza .  Passava horas acordada construindo toda uma vida ideal para mim , como era feliz… tudo era como eu gostaria que fosse. Aquele era o meu mundo e nele só acontecia o que eu queria. Vivia estas horas de felicidade até o sono vencer e adormecer... 
vitorias verdadeiras nao tive..... para mim vitoria significa o fim da guerra. Vou lutando e vencendo pequenas batalhas, com consciência que é impossivel alcançar a vitória.